Jim ao lado de Andreas Nora, foram os primeiros que acreditaram no trabalho e potencial da Saga Literária, por isso deixo meu agradecimento para vocês. Vamos então para a entrevista, de modo que vocês leitores, seguidores da Saga, possam conhecer um pouco mais sobre o autor, escritor Jim Carbonera.
Jim: O que mais me inspira e motiva a escrever é a parte obscura do ser humano, aquela que tentamos esconder. Essa, para mim, é a que revela o nosso verdadeiro eu. Nossas fantasias e segredos que tentamos guardar a seteve chaves, ma que volta e meia acabamos expondo em dado momento da vida. Vivemos numa sociedade em que atuamos diariamente. Temos que nos encaixar nesse ou naquele grupo, e somos obrigados a agirmos como atores. Por isso não me interessa esse lado da encenação humana, pois é falsa. Diferentemente daquele que nos angustia e, em alguns casos, nos enlouquece. É sobre esse lado, o soturno, que vem a minha inspiração. Além dos cenários urbanos em que os meus livros se passam.
Jim: Há, com certeza. Vou citar algumas que foram grandes fontes de inspiração:
Baixo Astral – Alberto Fuguet
On the Road – Jack Kerouac
Factótum – Charles Bukowski
Animal Tropical e Trilogia Suja e Havana – Pedro Juan Gutiérrez
Tanto Faz & Abacaxi – Reinaldo Moraes
Jim: Vou tentar ser bem sucinto. Divina Sujeira é o meu livro de garagem. É a obra mais subversiva.
A primeira parte mostra o protagonista, Rino Caldarola, ainda perdido pela vida. Gosta de escrever, mas não faz ideia se é isso que ele quer da vida. Então segue vivendo entre vitórias e derrotas guiado apenas pelos prazeres carnais. Na segunda parte, são contos subversivos narrados em terceira pessoa, cheios de temas polêmicos, como: estupro, vingança, castração, necrofilia, etc.
Verme! temos um Rino mais reflexivo e menos agitado. Está morando com seus pais e não vê a hora de se mandar dali. Já sabe que quer se tornar um escritor, mas não acredita que conseguirá. Ao mesmo tempo, por ser um tanto narcisista, não quer se dar por derrotado. E entre suas reflexões e questionamentos, ele tenta buscar inspiração para escrever em shows undergrounds e nos relacionamentos que surgem.
Royal 47 já temos o Rino fora da casa dos pais e morando sozinho numa zona boêmia de Porto Alegre. Começa a escrever um romance na sua máquina de escrever Royal Quiet Delux 1947 e passa a viver mais e questionar menos. Retoma a áurea do bom vivante do Divina Sujeira, porém com mais maturidade.
6. Quais os desafios enfrentou para escrever as obras, Divina Sujeira, Verme! e Royal 47?
Jim: Em todos eles a dificuldade é manter a coerência de personagem, locais, etc. Como é a história de uma mesma pessoa, e às vezes personagens e locais se cruzam de um livro ao outro, tenho que cuidar para manter a coerência de continuidade. Não posso pôr que num livro o cara é negro e tem 20 anos, e no outro é branco e tem 45 (sendo que se passaram dois anos). Assim como os gostos pessoais do Rino. Outro cuidado é não repetir frases e trechos que já apareceram num dos livros.
7. Qual foi o tempo necessário para finalizar cada uma das suas obras já publicadas?
Jim: Em média, contando com as revisões, fica entre 7 e 10 meses.
8. O que podemos esperar dos seus livros?
Jim: Honestidade, intensidade, movimentação urbana, descrições explícitas, gozo e uma narrativa visceral.
9. Quer deixar alguma mensagem para os leitores que sonham em escrever um livro?
Jim: Para quem está iniciando uma carreira literária, deixo o seguinte recado: primeiramente assuma isso como uma profissão. Mesmo que trabalhe em outros locais, não leve à literatura como um hobby. Escrever é algo sério, árduo e doloroso. O artista no Brasil é desdenhado e taxado de vagabundo, justamente por não brigar pela causa e não assumir aquilo que faz. Um músico não precisa aparecer na televisão para poder dizer que é músico. Um escritor não precisa ser o Paulo Coelho para ter o direito de assumir aquilo que é.
E outro conselho, não desrespeite à literatura escrevendo por achar cool ou para falar que é escritor. Há muita gente fazendo isso como forma de imposição intelectual. Bobagem pura. Acabam banalizando a profissão como crianças mimadas que descartam seus brinquedos depois de enjoar. Dentro de pouco tempo essas pessoas abandonam a literatura e tocam suas vidas em outros segmentos.
E não esqueça, mande sempre à preguiça se foder. Sente na cadeira e escreva. Se está com falta de inspiração, ache ela. Coloque no papel algum acontecimento do seu dia. Alguma lembrança. Ou simplesmente descreva o seu quarto. Mas escreva, escreva e escreva. Se isso não for uma prioridade para você, uma paixão; nem comece, pois de aventureiros à literatura já está abarrotada.
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