Sinopse: O Morro dos Ventos Uivantes (1847), obra-prima da inglesa Emily Brontë, é
um dos grandes clássicos da literatura mundial. Adaptado para o cinema
inúmeras vezes, a história do amor intenso e turbulento entre Cathy e
Heathcliff continua a arrebatar os leitores década após década. A
narrativa se desenvolve na região inóspita onde se encontra a mansão que
dá nome à obra, e possui traços góticos que aproximarão o leitor
moderno. Cathy e Heathcliff desenvolvem, logo que se conhecem, uma
afinidade que ultrapassa as convenções sociais, as diferenças de gênero e
até a morte. 

Resenha:
Quando o patrono da família Earnshaw voltou de uma de suas viagens de
Liverpool, já era noite e toda a família o esperava ansiosamente,
principalmente as crianças, Catherine e Hindley, que sempre ganhavam
presentes do pai. Porém,
naquela noite, o Sr. Earnshaw não trouxe nenhum presente para as
crianças, mas sim para toda a família, a seu ver. Exausto ao extremo,
todos ficaram surpresos quando debaixo de seu sobretudo, apareceu uma
criança totalmente diferente daquelas que estava ali naquela casa, até
mesmo das que estavam na cidade, por assim dizer.



O
Senhor Earnshaw disse que o tinha encontrado sozinho e esfarrapado
pelas ruas Liverpool e vendo o estado daquela criança, não teve outra
ação do que simplesmente acolhê-lo sob seu teto. E foi assim que
Heathcliff foi introduzido na família Earnshaw.



Durante
os anos que se passaram, Heathcliff acabou se tornando o preferido do
senhor Earnshaw que sempre o protegia do irmão adotivo, Hindley, que
simplesmente o odiava com todas as suas forças. Porém, quando se tratava
de Catherine, as coisas eram um pouco diferentes. Cathy
adorava seu irmão adotivo, tanto que ficaram o mais próximos que
poderiam e logo já ficou claro que Heathcliff a amava
incondicionalmente.



“A
Srta. Cathy e ele eram unha e carne; mas Hindley o odiava, e, para ser
sincera, eu também; e nós o atormentávamos e procedíamos em relação a
ele de modo vergonhoso, pois eu não era sensata o suficiente para
perceber minha injustiça, e a patroa nunca disse uma palavra a favor
dele ao vê-lo maltratado.”
p. 67.

Quando
Cathy vai visitar seus vizinhos, sofre um acidente e acaba tendo que
ficar algumas semanas sob os cuidados de seus anfitriões e de seu filho,
o menino Linton. Assim que Cathy retorna, todos percebem que ela está
um pouco diferente, mais educada, refinada e com desejos que não se
alinham com os de Heathcliff, o que o deixa mais arredio e agressivo. A
situação piora quando Cathy decide se casar com o jovem Linton, pois
ela acha que assim pode ter um futuro melhor e não consegue ver isso em
Heathcliff, mesmo o amando desesperadamente. Heathcliff ouve parte da
conversa e se sente humilhado, resolvendo deixar tudo e todos para trás.

Alguns anos se passam e Heathcliff volta para O Morro dos Ventos Uivantes, onde
encontra sua amada casada. Supostamente, Heathcliff volta afortunado e
tem apenas uma coisa em mente, se vingar de todos os que o humilharam,
até mesmo seu maior amor, Cathy.
 

“O
mau comportamento e as más companhias do patrão davam um belo exemplo
para Catherine e Heathcliff. O jeito de ele tratar o menino era
suficiente para transformar um santo em um demônio. E, para ser sincera,
parecia que o garoto estava possuído por alguma coisa diabólica naquele
período.”
p. 104.


Opinião: Foram mais de trinta anos da primeira até essa segunda leitura de O Morro dos Ventos Uivantes e,
seguramente, posso dizer que foi até mais prazeroso do que da primeira
vez. Talvez as experiências de vida possam nos mostrar coisas que quando
jovens, não percebemos. Talvez seja justamente a perpetuação imutável
da literatura clássica que se “acomode” melhor quando chegamos a uma
certa idade. Talvez seja apenas o amor pela literatura bem escrita, seja
ela de qual época for. O certo e definido é que
O Morro dos Ventos Uivantes sempre será um excepcional clássico da literatura universal, goste você ou não.



Emily
Brontë conseguiu apresentar uma história que mesmo com seus enormes
tons pessimistas e obscuros, nos arrebata logo nas primeiras páginas e
isso se você não souber absolutamente nada do que esperar dessa grande
obra clássica, pois a capacidade de escrita da autora é absolutamente
envolvente. Mas o que impressiona muito em
O Morro dos Ventos Uivantes são
seus personagens que são marcantes assim que são apresentados. Mesmo
alguns não tendo um passado propriamente explorado, como Heathcliff e
alguns outros personagens da historia, Emily consegue colocar força em
suas atualidades, fazendo com que cada um deles sejam indispensáveis
para o desenrolar de toda a trama.
O que também chama muito a atenção no livro de Emily é que ela não se
ateve necessariamente ao padrão tradicional de romance daquela época.
Ela trouxe uma história que tem sua base principal no amor, mas é
essencialmente, movida pelo ódio e vingança implacável, o que leva o
leitor a ter momentos absolutamente marcantes.

Dentre
outras coisas em O Morro dos Ventos Uivantes, existe o grande toque de
mestre da repetição de nomes em alguns personagens e partindo dessa
premissa, a autora demonstra através das peculiaridades desses
personagens, uma ótima critica social familiar. Aliás, falando em críticas sociais, todas as irmãs se dispuseram a apresentar em suas histórias algum ou vários tipos de crítica à sociedade da época e em Morro, como disse, não foi diferente.

Existem
diversas situações que expõe, principalmente, a fragilidade da mulher
em uma sociedade que não dá nenhum direito sequer a qualquer uma delas e
Emily as apresenta com uma habilidade estupenda e sem nenhum filtro ao leitor, ou seja, o tapa na cara é doloroso e isso
sem
deixar de lado as demonstrações de hipocrisia, rancor, inveja e o
grande causador de muitas tragédias ainda nos dias de hoje, o orgulho
.


O
ambiente também tem um grande papel em toda trama, pois é ele que
reforça o tom de pessimismo e obscuridade entre seus personagens, o que
sempre me lembra sua similaridade com outro clássico,
O Retorno do Nativo de Thomas Hardy, também publicado pela Martin Claret [resenha aqui], que faz uso magistralmente dos mesmos pontos pessimistas, se não mais.


O mais importante de tudo é que O Morro dos Ventos Uivantes
de Emily Brontë trata de muitos assuntos que ainda, pode-se dizer, são
atuais e talvez, também por essa razão, ele seja tão adorado e cultuado
tantos anos depois de sua publicação.
A Martin Claret, em seu projeto de renovação, nos apresenta essa nova edição que é absolutamente espetacular. O Morro dos Ventos Uivantes
vem em capa dura, porém com o detalhe da capa “quebrada”, que deixa a
lombada à mostra, e que é muito bom para manusear na leitura. A edição
ainda conta com algumas ilustrações no início de cada capítulo e tem sua
arte focada nos tons cinza e amarelo, o que a deixa extremamente
elegante. A fonte é bem agradável e impressa num papel amarelado, o que
deixa essa edição além de linda, totalmente IMPERDÍVEL.

Sobre a autora: Emily Brontë nasceu em Thornton, Yorkshire, Inglaterra, no dia 30 de
julho de 1818. Filha de um reverendo da Igreja da Inglaterra e de Maria
Branwell era a quinta entre os seis irmãos. Em 1820 sua família mudou-se
para Howorth, onde o pai foi nomeado reitor da paróquia.
Em 1821, após a morte de sua mãe, Emily e suas irmãs foram para um
colégio interno em Cowan Bridge, onde sofriam com castigos, com o frio e
a pouca alimentação. Depois que suas irmãs, Maria e Elizabeth morreram
de tuberculose, Emily, Anna e Charlotte voltaram para casa, onde
receberam os cuidados da tia Branwell.
Em casa, as irmãs aprendiam as tarefas domésticas e Patrick, o único
filho homem, se dedicava aos estudos.



A nova empregada lhes contava
histórias e as irmãs criavam poesias e contos ambientados em lugares
imaginários. Mais tarde, Charlote descobriu os versos de Emily e teve a
ideia de reuni-los aos de Anne e publicá-los sob os pseudônimos de
Currer, Ellis e Actor Bell.
Em 1846, os poemas foram publicados por uma pequena editora e os custos
foram pagos com uma parte da herança deixada pela tia Branwell. Apesar
do fracasso das vendas as irmãs continuaram escrevendo. Charlote
publicou “Jane Eyre”, que fez grande sucesso. Em 1847, Emily publicou
Wuthering Heights “O Morro dos Ventos Uivantes”, que apesar de receber
críticas, posteriormente se tornou um clássico da literatura inglesa.
Emily Brontë faleceu em Haworth, Inglaterra, no dia 19 de dezembro de
1848. [Fonte: O Pensador]

Ficha técnica:

Título: O Morro dos Ventos Uivantes
Autor: Emily Brontë
Tradução: Solange Pinheiro
Editora: Martin Claret
Páginas: 457
Ano: 2019
ISBN: 9788544002025
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